Estudantes do CED 104, no Recanto das Emas, exibem exemplares da revista Darcy. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB
Texto: Vanessa Vieira / Secom UnB
“Com uma pulga atrás da orelha.” A expressão usada por Davi Santana, de 17 anos, descreve como ele se sente ao voltar para casa após as aulas no Centro Educacional 104 (CED 104) do Recanto das Emas, região administrativa do Distrito Federal. Tanta curiosidade tem uma explicação: ele e os colegas contam com professores engajados em tornar o processo educativo mais interessante. O novo recurso adotado para esse fim é a revista Darcy, publicação de jornalismo científico e cultural da Universidade de Brasília.
“A maneira como o professor dá aula deixa a gente curioso. Chego em casa com vontade de pesquisar mais sobre o assunto. Aprendo mais do que nas aulas tradicionais”, compartilha Davi. Seu relato faz referência às metodologias ativas adotadas por docentes do CED 104, que incentivam alunos a serem protagonistas no aprendizado.
“Utilizar a revista Darcy em sala de aula é muito interessante devido à qualidade dos textos e à facilidade de interação com novos conteúdos. A edição sobre o Cerrado nos permitiu um trabalho interdisciplinar em conteúdos de geografia, língua portuguesa, artes”, conta Moacir Ferreira, professor de língua portuguesa no CED 104.
Cerca de 400 estudantes do terceiro ano do ensino médio do CED 104 receberam um exemplar da revista Darcy. A iniciativa é um projeto piloto da Secretaria de Comunicação (Secom) da UnB e visa criar pontes entre Universidade e sociedade. Nesta quarta-feira (8), representantes da Secom visitaram a escola para saber impressões de alunos sobre reportagens, compartilhar bastidores da produção e apresentar o propósito da revista.
“Desde o início, a revista Darcy tem a preocupação de alcançar professores e estudantes da educação básica, em especial do ensino médio, para que o conhecimento produzido na Universidade possa ser utilizado nas escolas”, contextualizou a secretária de Comunicação Thaïs de Mendonça. “Estamos dando um retorno para a sociedade sobre o que fazemos no ambiente acadêmico. Não queremos uma ciência retida dentro dos muros”,
completou.
A secretária Thaïs de Mendonça contou aos estudantes quem foi Darcy Ribeiro, fundador da UnB e educador que dá nome à publicação. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB
A visita foi bem recebida no colégio.“Estamos muito felizes em contar com vocês aqui. Temos professores engajados em apoiar os estudantes em sua procura por conhecimento. Entendemos que a educação é a melhor forma de revolução social”, disse o diretor da escola Joilson Werner ao grupo da Secom.
Para a estudante Giovanna Estrela, a ida da equipe teve significado especial. “Eu penso em cursar Jornalismo. A vinda de vocês foi legal porque a visão que temos às vezes não corresponde de fato ao funcionamento do curso e da profissão. Foi muito bom conhecer mais”, contou a jovem de 17 anos.
Ela garantiu que não se esquecerá do conteúdo aprendido com a revista Darcy. “É difícil lembrar de um assunto específico depois de tantas aulas no quadro. Mas essas atividades, em que estamos envolvidos na construção do conhecimento, são diferentes. Com certeza vou me lembrar.”
PARTICIPAÇÃO – Três turmas do terceiro ano do ensino médio participaram do aulão no qual representantes da Secom falaram sobre a revista Darcy e a ciência que perpassa suas páginas. “O primeiro passo para produzir a revista é decidir o tema do dossiê, que é o assunto central da edição e reúne várias matérias com diferentes enfoques. O dossiê do próximo número, por exemplo, é ciência interplanetária”, adiantou a editora da revista, Marina Simon, sobre a temática definida pelo Conselho Editorial da publicação, formado por docentes da UnB.
“As sugestões de pauta chegam de vários lugares. Fazemos uma reunião com a equipe para definir quais pautas se tornarão matérias”, acrescentou a editora. Os estudantes interagiram com diversas perguntas, inclusive se poderiam sugerir pautas. “Todas as sugestões são bem-vindas. No site da revista vocês encontram nossos contatos”, completou Marina Simon.
O estudante Davi Santana aprovou o material e garantiu já ter lido mais da metade da publicação. “Aprendi coisas que não estavam no meu livro didático. Li sobre plantas endêmicas do Cerrado e sobre o contexto atual desse bioma. Com certeza me ajuda até na preparação para o vestibular”, comentou o jovem, que deseja cursar Direito na UnB.
Alunos Débora Louzada, Davi Santana e Giovanna Estrela, ao lado do professor Moacir Ferreira. Foto: Luis Gustavo Prado/Secom UnB
MOTIVAÇÃO – O retorno positivo é o que motiva Moacir Ferreira e os professores do CED 104 a se dedicarem na formulação de aulas inovadoras. “Os alunos falam para a gente: ‘Já acabou a aula? Isso não é aula!’. Realmente não é uma aula tradicional, mas uma aula com formato que possibilita a eles melhor fixação e aprendizado dos conteúdos”, expõe.
A melhoria no rendimento escolar está resultando em maior ingresso no ensino superior. No pátio da escola, é exibido um banner com nomes e fotos de ex-alunos aprovados para a UnB e de contemplados com bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni). “Eles amam ver a foto deles estampada aqui. É um orgulho para a família”, conta o diretor Joilson Werner.
“Por três anos consecutivos, temos aprovado, em média, 50 alunos no Programa de Avaliação Seriada (PAS/UnB). Existem inúmeros fatores que dificultam esse ingresso na Universidade, mas estamos conseguindo mudar esse paradigma”, celebra o professor Moacir Ferreira.
EXPANSÃO – O Centro Educacional 104 continuará recebendo as próximas edições da revista Darcy. A parceria entre a Secom/UnB e o colégio foi articulada pela docente Eloísa Pilati, do Instituto de Letras da Universidade. Ela coordena grupo de pesquisa sobre Metodologias para Ensino de Gramática, do qual participa o professor Moacir Ferreira. Ele apresentou aos colegas do CED 104 a proposta de usar a revista como material paradidático.
A ideia agora é ampliar a parceria para outras escolas públicas do Distrito Federal, fazendo uso dos exemplares virtuais da publicação. “Queremos mostrar aos estudantes um monte de coisas interessantes que a Universidade faz e que vão retornar para eles, hoje ou no futuro. Estamos à disposição para ir em outras escolas, de acordo com a requisição das unidades”, afirma a secretária de Comunicação Thaïs de Mendonça.