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revista darcy

Revista Darcy é mencionada em publicação de universidade portuguesa. Edição 26 será lançada na próxima semana. Imagem: Raquel Aviani/Secom UnB

 

Texto: Maria Eduarda Angeli*

 

Publicação de jornalismo científico e cultural da Universidade de Brasília produzida pela Secretaria de Comunicação (Secom/UnB), a revista Darcy ganhou projeção em trabalho internacional. Um artigo científico recém-publicado no livro Comunicar Ciência em um mundo em mudança, da Universidade da Beira Interior, em Portugal, destaca a Darcy como um dos importantes veículos de divulgação científica ligados às instituições de ensino superior do Brasil.

 

Intitulado Revistas de universidades brasileiras: modelo para a difusão da ciência, o artigo foi produzido pela ex-secretária de Comunicação da UnB e professora da Faculdade de Comunicação (FAC) Thaïs Jorge e o ex-estagiário de Jornalismo da Secom Marcos Amorozo. O estudo foi finalizado em 2018 e apresentado no congresso Segundo Comunicar Ciência no mesmo ano.

 

Naquela ocasião, a professora Thaïs descreveu a Darcy como uma das únicas do mundo no gênero jornalismo científico e cultural e com tamanha qualidade. “Eu tinha muito carinho pela Darcy e achava que ela tinha que dar um salto, aparecer mais”, declara. A docente conta que não havia nada como o projeto sendo apresentado no evento, o que despertou a curiosidade dos presentes, resultando no interesse em divulgar o artigo.

 

Para Marcos Amorozo, o reconhecimento é merecido e fruto do trabalho de todos os jornalistas, professores e pesquisadores que colaboram para fazer a revista ser o que é. “Certamente isso vai ser um ânimo a mais para que a produção desse conteúdo seja mantida e ampliada num momento de corte de investimentos em ciência e na educação superior do Brasil”, afirma.

 

APESAR DOS DESAFIOS – Segundo Marcos Amorozo, a restrição de recursos aplicados pelo governo federal para que a universidade produza conhecimento é um dos maiores percalços para que iniciativas como a Darcy surjam e perdurem. Sendo assim, a conquista da publicação do artigo se torna ainda mais importante.

 

De acordo com ele, é significativo que uma instituição estrangeira chancele a qualidade da publicação. Em sua avaliação, isso valoriza o material e o divulga para um público que não possui noção prévia da ciência feita pela UnB. “A universidade pública faz milagres com o que é oferecido e esses feitos precisam ser divulgados”, declara.

 

Thaïs Jorge relata que o trabalho sobre revistas de divulgação científica foi o único do gênero apresentado no congresso Segundo Comunicar Ciência. Foto: Arquivo pessoal

Thaïs Jorge relata que o trabalho sobre revistas de divulgação científica foi o único do gênero apresentado no congresso Segundo Comunicar Ciência. Foto: Arquivo pessoal

 

Na opinião de Thaïs Jorge, a maior dificuldade no processo de produção da Darcy é que o conteúdo é feito com uma equipe dividida: os profissionais da Secretaria de Comunicação têm que lidar com outras demandas regulares além da elaboração da revista. A professora explica que, sendo assim, não é possível manter um ritmo saudável e otimizado, que valorize o veículo.

 

Vanessa Vieira, atual editora da revista Darcy, destaca que o veículo tem sido uma vitrine da ciência produzida na UnB, divulgando para a sociedade o conhecimento que é produzido na instituição.

 

“Registrar essa ação em periódicos científicos dá visibilidade ao esforço institucional em prol da divulgação científica e ao seu compromisso em democratizar o acesso a esse saber." A jornalista afirma que a Darcy tem rigorosa apuração das informações, além de contar com especialistas de diferentes áreas como fonte dos assuntos abordados.

 

PAPEL SOCIAL – As universidades e institutos de pesquisa públicos são responsáveis por cerca de 95% da ciência produzida no país. Vanessa Vieira explica que, por isso, essas instituições também têm papel central na divulgação do conhecimento científico. “Iniciativas como a revista Darcy cumprem essa missão, ao comunicar a ciência para toda a sociedade, em linguagem simples e acessível”, diz.

 

Ela enfatiza o potencial da popularização da ciência para a sociedade. “O acesso igualitário aos benefícios da ciência é um dos pilares para o desenvolvimento humano e sustentável e para a democracia. Por isso, publicações de jornalismo científico, como a revista Darcy, cumprem função social tão relevante”, acrescenta a editora. 

 

Marcos Amorozo compartilha da análise de que um dos maiores diferenciais da Darcy é a maneira simples como apresenta o conteúdo científico. O estudante afirma que a linguagem utilizada pelos repórteres, aliada às ilustrações feitas especialmente para as reportagens, fazem com que o leitor entre de cabeça naquele assunto.

 

“Quando falo que [a linguagem] se torna mais acessível, não quero dizer, de jeito nenhum, que o conteúdo é raso. Pelo contrário, tem muita habilidade jornalística para transformar pesquisas complexas e que levam anos para serem finalizadas em pares de páginas da revista sem perder nenhum conteúdo ou precisão”, declara.

 

Segundo Thaïs Jorge, é especialmente positivo ter um veículo que divulgue o conhecimento produzido pela Universidade no cenário atual: “Isso é interessantíssimo porque estamos em uma época de negação da ciência. O que temos que fazer como pesquisadores é mostrar o que estamos fazendo, até para que reiteremos nossa função na sociedade”.

 

PRÓXIMA EDIÇÃO – A edição 26 da revista Darcy será lançada na próxima semana e comemora o centenário de nascimento de Paulo Freire. O número conta com reportagens que comentam a obra, o legado e o reconhecimento recebido pelo educador no Brasil e no mundo.

 

Além disso, há matéria sobre pesquisas e iniciativas da UnB dedicadas a combater o assédio moral e a tornar os ambientes laborais e de aprendizagem mais humanos e acolhedores. A editora Vanessa Vieira deixa um convite à comunidade acadêmica e a todos os interessados nos conteúdos abordados na revista: “[A edição] está muito especial! Convidamos todos a acessarem o site da revista, lerem e compartilharem a publicação”.

 

*estagiária de Jornalismo na Secom/UnB.