Sala de aula: mais que um espaço de ideias
As tecnologias estão muito presentes na educação nos dias de hoje. Porém, nada disso começou agora. Professores e alunos convivem há muito tempo com artefatos: desde a simples lousa ao inovador tablet. Entenda como chegamos até aqui
Texto Thaíse Torres
QUADRO-NEGRO
A ideia do quadro-negro (que é verde, em sua maioria) vem dos tempos ancestrais. Lá na Babilônia, há registros que indicam o uso de pedaços retangulares de barro como superfície para a escrita. No final do século XVIII e início do século XIX, a lousa era feita de folhas finas de ardósia, rocha de cor preta ou cinza escuro, daí o nome quadro-negro. Aos poucos, melhorias permitiram o uso mais fácil e uma escrita mais visível. Usou-se também uma placa de aço coberta por pintura de porcelana esmaltada, mas percebeu-se que o uso da cor verde era mais agradável aos olhos.
GIZ
Feito de carbonato ou sulfato de cálcio, rocha sedimentar porosa, o giz solta pó quando utilizado, o que pode agravar alergias respiratórias e cutâneas. O quadro branco é mais adequado para o uso perto de computadores, que podem ter o desempenho comprometido com o acúmulo do pó de giz, problema evitado pelo pincel marcador. Os primeiros quadros brancos tinham superfícies muito brilhosas e causavam reflexos que prejudicavam a leitura. Feito de uma superfície lisa em cor branca, atualmente a maioria é confeccionada com laminado melamínico, produzido a partir de resinas sintéticas.
LÁPIS
O precursor foi a vara com ponta queimada que os habitantes das cavernas usavam para grafar as paredes. O lápis mesmo começou a ser utilizado como um pedaço de grafite envolto em madeira por volta da segunda metade do século XVI. Uma grande reserva de grafite foi encontrada na Inglaterra e, a partir daí, o uso foi popularizado. Uma das mais importantes técnicas para confecção do lápis, a mistura do pó de grafite com argila, foi desenvolvida por um oficial do exército de Napoleão, Nicolas Jacques-Conté. O método derivou da dificuldade de importação do grafite puro da Inglaterra, tornando-o ainda mais raro. A criatividade do inventor tornou possíveis variações da intensidade do lápis sobre o papel.
BORRACHA
Ela é produto primário do látex da seringueira e pode ser feita da seiva da árvore ou ainda de um composto derivado do petróleo. Apesar de o estado de São Paulo ser atualmente o maior extrator de látex do país, foi a busca pelo material que contribuiu para a colonização da região Norte do país. A borracha consegue apagar pela interação química entre o lápis e o papel, que faz com que o grafite se deposite sobre a superfície em que escrevemos. Quando passamos a borracha sobre o papel escrito, as ligações moleculares entre papel e grafite são quebradas e o que antes estava ali passa para a borracha. Ela não fica suja de grafite por que a força de adesão do material não é tão forte quanto a do papel.
CANETA ESFEROGRÁFICA
Do grego sphaîra e graphikós, ela é literalmente uma bola que escreve. Em 1930, um jornalista húngaro naturalizado argentino, Laszló Biró, patenteou o utensílio. A ideia foi desenvolver uma caneta que não borrava, evitando o emprego contínuo do mata-borrão – um meio-cilindro coberto de papel com a função de enxugar o excesso de tinta. No jornal em que trabalhava, em Budapeste, Biró percebeu que a tinta das canetas-tinteiro demorava mais a secar do que a tinta de impressão. Pensou então em utilizar o mesmo tipo numa caneta tinteiro, o que não funcionou por conta da viscosidade do produto. Em parceria com um irmão – que era químico – e um amigo, técnico industrial, ele chegou à solução: a tinta seria colocada num tubo plástico, desceria por gravidade para a ponta do tubo e uma esfera giratória a distribuiria pelo papel.
PAPEL
A origem da palavra papel vem do latim papyrus, planta que cresce às margens do rio Nilo, cujas fibras eram utilizadas como suporte para a escrita. No entanto, a fórmula de papel semelhante ao que temos hoje foi inventada na China há 105 anos d.C, por T’sai Lun (ou Cai Lun), membro da corte imperial de apenas 20 anos à época. Ele fez uma mistura umedecida de cascas de amoreira, cânhamo, restos de roupas e outros produtos com fibras vegetais. Misturou tudo até obter uma pasta, peneirou-a e colocou a fina camada resultante para secar ao sol. Antes do papel, utilizava-se couro para registrar informações, um material mais resistente que as tábuas de argila, mas ainda pouco prático.