Impacto, resistência e transformação
Texto: André Gomes e Gisele Pimenta
A Universidade de Brasília não se desvia da sua vocação: promover ciência, difundir conhecimento, formar profissionais, mobilizar pessoas. Não há muros entre academia e sociedade.
Completar 60 anos no momento presente é marco simbólico. De um lado, setores da sociedade questionam o papel das instituições federais de ensino superior. Duvidam da ciência. Defendem o corte de investimentos públicos. Do outro, universidades resistem. Sobem ao palco. Reivindicam seu lugar. Brilham.
Acurada e precisa, a síntese é retrato de um contexto no qual a luta é diária. É retrocesso duvidar da educação como pilar para a justiça e equidade. “Como a UnB foi necessária para que você se tornasse uma pessoa atuante em prol da sociedade?”, provoca esta seção. Estudantes, egressos e servidores da instituição confirmam: o conhecimento impacta e transforma.
Protagonistas, as personagens aplicam em suas realidades e comunidades o que na UnB viveram e aprenderam. Agentes da mudança social, contribuem para a construção de espaços mais acolhedores e mais diversos. Questionadores, trazem perguntas únicas e difundem resposta inéditas.
A Universidade de Brasília são essas pessoas. Essas pessoas são a UnB. Nestes 60 anos e nos próximos.
Confira a íntegra ensaio visual na revista na revista.
Nahiane Guimarães, quilombola do povo Kalunga (GO) e extensionista do projeto Centro de Documentação Quilombola Ivo Fonseca
A UnB me trouxe oportunidade de ser protagonista para contar, estudar e levar ao nosso Quilombo o conhecimento adquirido na Universidade.
Dinamam Tuxá, indígena do povo Tuxá (BA) e doutorando da Faculdade de Direito
A UnB foi um espaço para conhecer o novo. Hoje, fortaleço nossos saberes tradicionais ao mesmo tempo que busco formas de também atuar em conjunto com a comunidade não indígena.
Thaíse Torres, cotista egressa do curso de Jornalismo, graduada em Antropologia e servidora da UnB
Vejo sentido em divulgar pesquisas científicas, em produzir estudos. A UnB traz dados que subsidiam políticas sociais. Torná-los públicos é a parte do meu trabalho que projeta a Universidade para fora dela mesma e eu realmente gosto disso!
Aislan Pankararu, indígena do povo Pankararu (PE) e egresso de Medicina
O que aprendi na UnB me deu habilidades para auxiliar não apenas a população indígena, mas todos os usuários do SUS. Atuo em uma Unidade Básica de Saúde que, apesar de ser em São Paulo, também atende demanda do povo Pankararu.
Maria Lúcia Martins, quilombola, egressa da licenciatura em Educação do Campo e Secretária Municipal de Igualdade Racial e da Mulher em Cavalcante (GO)
Minha passagem pela UnB me encorajou a ocupar espaços de mobilização. Tenho a oportunidade de representar a minha comunidade Kalunga e meu território. Minha graduação me possibilitou correr atrás desses postos de poder que são nossos.
Murilo Mangabeira, ativista do movimento negro e egresso da graduação e do mestrado em Sociologia
Vim de Santa Maria da Vitória, interior da Bahia, em busca do ensino superior. Minha inserção no movimento negro, bem como as vivências na graduação e no mestrado me permitiram ter a exata ideia do quanto reverbero no meu público direto e nos frutos do meu trabalho de professor.
Nayra Paye, indígena do povo Kaxuyana (PA) e graduanda em Geografia
Meu curso e minha atuação na presidência da Associação dos Acadêmicos Indígenas da UnB têm definido minha luta dentro do tema dos territórios e comunidades indígenas. Meu povo Kaxuyana e as sociedades que existem dentro da Universidade têm representação.
Vercilene Dias, advogada, primeira quilombola mestra em Direito no país e doutoranda da Faculdade de Direito
A UnB foi uma das primeiras universidades do Brasil a enfrentar a sociedade para promover projetos de inclusão. Minha formação se agrega à luta pela efetivação de direitos e políticas públicas da população quilombola.